sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Um ano de mudanças

Há um pouco mais de 1 ano, estávamos morando em Santiago do Chile, felizes da vida, até que um dia o marido chega em casa na maior da calma (quem conhece o casal sabe que ele é zen e eu uma pilha) e me fala que em uma semana viria um chefe dele, todo poderoso, fazer a proposta pra mudarmos de país. Desde o dia que ele me falou isso, eu abri o mapa mundi e comecei a delirar. Eu tinha certeza que era Europa, porque a empresa dele é grande por lá, e eu ficava sonhando com Paris, Roma, Londres, lugares desse nível! (que hoje pensando na situação atual, grávida, não queria estar em nenhum desses).

Finalmente o dia chegou, o chefão veio, e eles foram jantar. Eu, bem ansiosa, não conseguia fazer nada naquele dia, e fiz ele me prometer que ia me ligar do banheiro assim que o doido falasse o bendito país! Todo mundo precisa ir ao banheiro, concordam? (ele me chamou de louca, mas eu não tava nem aí, queria mesmo saber onde íamos nos enfiar)... o diálogo foi: 

Marido: "Oi, tá sentada?"
Eu: "Acho melhor deitar"
Marido: "Eu vou falar e tenho que desligar, não tenha um ataque do coração"
Eu: "Vou tentar"
Marido: "BANGKOK, TAILÂNDIA" e desligou!

Nessas horas passou tudo pela cabeça, tipo, será que casei com o cara certo? quantos habitantes será que tem nesse lugar? com certeza fala inglês né? (santa ignorância), demorei exatos 20 segundos para entrar no google e começar a pesquisar tudo! Quando ele chegou em casa, eu já era praticamente a melhor professora de história e geografia tailandesa que a humanidade já viu! Contei pro marido tudo que tinha lido e ele contou sobre a proposta. Depois de umas 2 horas conversando, eu falei, VAMOS! E ele quase caiu da cadeira, tipo, tem certeza? (até hoje não tenho certeza, mas cá estamos)...

Acho que o mais difícil do processo foi que eu tive que manter segredo TOTAL! Primeiro porque as negociações ainda tavam rolando, entrevistas (detalhe: eram as 5 da manhã, o marido ficava com a calça do pijama e colocava uma camisa porque era sempre entrevista com camera), depois de uns 3 meses finalmente assinamos, e aí em 20 dias tudo tem que estar pronto para estar vivendo aqui! Juro essas empresas são malucas, mas não adianta reclamar, é assim pra todo mundo e sempre será, então o jeito é se acostumar e parar de reclamar. 

PAUSA....contei resumidamente a parte "difícil" (mas que pensando bem, foi a mais fácil da história), porque enquanto tudo isso tava rolando, eu só fazia a seguinte pergunta: QUE QUE EU VOU FAZER NESSE LUGAR??? Porque trabalhar é bem difícil (é muito complicado conseguir visto de trabalho), mas eu não me convenci e procurei, tentei pela empresa que eu estava trabalhando, mas não rolou. 

Cheguei aqui no meio de uma inundação caótica, que gerou desabastecimento de comidas e bebidas nos supermercados. O marido saia para trabalhar e eu saia em busca de água! 
Além das inundações, outras coisas fizeram meus primeiros meses serem bastante complicados: foi a primeira vez desde que sou "adulta" que eu não tinha um trabalho (metas, prazos, chefes); não tinha responsabilidades durante o dia, me sentia inútil e me arrependia de coisas que tinha feito ou deixado de fazer; a adaptação a um lugar distante, com clima, hábitos e cultura diferentes da minha, além da língua que não dá para entender nada, ahhh não foi fácil. 

Hoje agradeço pela oportunidade que tenho, e vou ter que assumir que estou adorando essa nova vida! Maridão que me perdoe, mas toda segunda feira quando ele acorda pra trabalhar, que dó! Eu na vida boa, com afazeres tipo: fazer ginástica, almoçar com as amigas, café da tarde, dar uma voltinha no shopping, um verdadeiro stress sem fim! Sei que esses dias de glória estão terminando, afinal daqui uns dias o foco serão as fraldas e tudo que a maternagem traz na bagagem, mas posso dizer que aproveitei muito, e não me arrependo de ter decidido por vir, morar do outro lado do mundo é duro porque bate uma saudade, mas poder vivenciar outras culturas, conhecer pessoas e lugares que nunca imaginei, enriquece muito.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Sobre a sinceridade tailandesa

Quando estava com uns 6 meses de gravidez, fui ao cabelereiro com uma amiga grávida (a americana, Margaret, que já foi mencionada), estávamos lá sentadas batendo papo, aí chega uma manicure e pergunta sobre o sexo dos nossos bebes. Eu disse que o meu era menino e a Margaret falou que o dela era surpresa.
Aí a mulher falou pra ela que com certeza o dela era menina. Perguntamos como ela sabia, a resposta foi: "Você está bonita, por isso é menina". Oi??? Só para confirmar, eu perguntei "quer dizer que eu estou feia?". A resposta veio na lata: "Sim"

Quando achei que tinha superado essa, coloquei uma blusa azul X, cheguei na sala e, SEM TER PERGUNTADO NADA PARA A EMPREGADA, ela falou: "Madame, essa cor não fica boa na senhora. Parece que além de grávida, a senhora é bem gorda". Nessas horas você pensa, eu pago você para me auxiliar na casa, mas JAMAIS para que voce me dê esse tipo de opinião. Tive que responder: "Perguntei a sua opinião?"...
Troquei de blusa! (ai ai ai, quando mexem com a sua auto-estima...).

Tem também a que escutei este final de semana. Acho que desenfeiei e emagreci... Mas como posso pesar menos que antes?

Ontem fui fazer massagem (a minha vida é dura aqui pelo que vocês podem perceber né?), e a massagista me fala, "Que ótimo que você vai ter uma menina, são super companheiras, muito mais calmas, não te machucam para sugar o leite, menino é tudo diferente, muito pior".
"Vou ter um menino", disse para ela.
"Com certeza não, você está muito bonita para ter menino, o médico errou, pode ter certeza que será menina". Se nascer FELIPA já sabem...

Por fim, a história do "It's normal!"

Meu médico, um obstetra conceituado (porque é muito conhecido e escreve livros) e despojado (porque veste polo, jeans e crocs e não faz a barba) sempre me surpreende!

Qualquer tipo de dor, sensação e aflição que sinto, conto para ele, com a idéia de escutar uma palavra de um especialista e/ou uma solução para os meus problemas?
A resposta é sempre a mesma: IT'S NORMAL!

Ontem cheguei no hospital, depois de uma noite e manhã complicadas, com dor, pressão, desconforto, aquelas contrações falsas.
Juro que achei que fosse parir!! Tinha olhado no google quem tinha nascido no dia 26/08, o que a Lua e os Astros me diziam, numerologia. Tudo! Até o email para os amigos já estava pronto.
Saimos de casa, com as malas da maternidade do carro. 
Chego lá, descrevo as sensações. Ele me olha sério, escutando. Agora vai, pensei! E ele me diz "It's normal! Quanto mais dor melhor. Sinal que ele está se posicionando. See you next week!".

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Se sentirei saudades da gravidez?

Na reta final: máximo 14 dias para ele nascer. A única coisa que andam me dizendo é: você sentirá uma saudade imensa dessa barriga...

Olha, pode até ser que eu me arrependa, e vocês leitores do blog, estarão aqui para ver as cenas dos próximos capítulos (afinal pretendo continuar escrevendo), mas eu juro que acho que não vou sentir não...
Seria muita injustiça da minha parte reclamar da minha gravidez, realmente ela foi muito tranquila, sem nada de surpresas ou momentos de tensão, mas tenho que admitir que ainda estou buscando o tal do "momento mágico" que dizem que a gravidez tem.

PAUSA: Se você está grávida, está tentando ou sabe que em algum momento da sua vida vai querer ficar grávida, não leia adiante, eu realmente acredito que as experiências podem ser diferentes para cada pessoa.

PARA OS QUE QUISERAM PROSSEGUIR:

Não sentirei saudades de acordar de 3 em 3 horas para fazer xixi, voltar pra cama e:
    - ficar uns 15 minutos tentando achar posição para dormir e muitas vezes não conseguir e/ou
    - ficar pensando em milhares de coisas doidas (se a mala da maternidade esta pronta, se ele vai ser de leão ou virgem, se minha mãe vai chegar a tempo, se serei uma boa mãe, se terei leite etc);

Não sentirei saudades de comer um mísero tomate cereja e ter azia como se tivesse comido um leitão a pururuca;

Não sentirei saudades de pessoas me dizendo: "Tem certeza que não são gêmeos???" Meaning... Você está gigante!;

Não sentirei saudades de ter que usar as mesmas 5 roupas durante os últimos 3 meses de gravidez (e o pior é pensar que ainda terei que usá-las por mais 1 ou 2 meses pós parto);

Não sentirei saudades de chorar de tudo (filme, novela, de escutar a história da amiga, de pagar conta no banco etc);

Não sentirei saudades de andar desequilibrada, com as pernas abertas parecendo um pato, ou de eliminar mais água que uma cachoeira;

Não sentirei saudades de querer comer coisas que não são fáceis de encontrar: o açaí de Belém, o tabule de Istambul, o bagel de Nova Iorque e o Leite Condensado Moça brasileiro, que não encontro em Bangkok;

Não sentirei saudades da falta de paciência e da mudança constante de humor;

Não sentirei saudades de dormir com mil travesseiros na cama (um para barriga, um para a perna, um para as costas etc). Nesse ponto, tenho que dizer que reduzi para 10% o espaço do meu marido na cama. O pobre coitado nem ousa reclamar!

A parte positiva? Tenho certeza, que tudo isso terá valido a pena! Com certeza a melhor coisa da minha vida está por chegar e não tenho dúvida que serei uma mãe muito feliz, mas não poderia deixar de escrever como me sinto agora.

Se você me pergunta se passarei por isso tudo outra vez? Claro que sim! De filho único já basta eu!

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Malas prontas...

Ok, sou organizada, mas não pretendia arrumar as malas da maternidade com tanta antecedência (sim, elas estão prontas há 4 semanas, desde a semana 32). Tudo devido a um fato um pouco conturbado que aconteceu por aqui...
 
Logo que descobri a gravidez fui buscar que tipo de exercícios que eu poderia fazer, afinal tempo é o que não me falta e o medo de ficar obesa era gigante! 


Entrei em uma aula de yoga/pilates. A primeira aula já foi engraçada porque todas as mulheres com aquela barriga gigante, e eu com 13 semanas. Me olharam de forma meio estranha, como se eu fosse um alien. Fui entender que, na cultura tailandesa, fazer exercício durante a gravidez já é meio crime, antes de completar 5 meses, é pedir para abortar o bebê... Como eu sou de outras terras, comecei logo quando o médico autorizou. Enfim, foi a melhor coisa que fiz!

No pilates, conheci 4 meninas (uma de cada parte do mundo) que me fizeram enfrentar essa mudança básica (shape roliça) de outra forma...

Margaret (EUA), Leona (Filipinas), Euzinha, Lis (Venezuela) e Felicity (Australia)

Voltando ao fato conturbado, estávamos as 5 e os maridos em uma praia aqui perto de Bangkok (Hua Hin - 2h de viagem), comemorando o aniversário da Leona, tudo lindo e feliz. Até que, recebo uma ligação as 6hs da manhã da Margaret... ela tinha acabado de entrar na 36a semana e estava tendo contrações desde a madrugada e queria saber se eu me IMPORTAVA em traze-la de volta para Bangkok! Hello??? Nunca me arrumei tão rápido, o pobre do meu marido suando pensando na responsabilidade de trazer essa grávida para o hospital.

Posso dizer que a viagem foi tensa! Não sei porque, mas minha amiga queria bater papo, saber da nossa vida, falar de política, religião, qualquer coisa que não a fizesse lembrar que ela estava no meio do trabalho de parto (acho que vou entender quando começar a ter contrações).
Fizemos a viagem em 1:30h. Ela puxando assuntos inesperados, entre uma contração e outra. O marido dela completamente mudo, de nervoso. E eu e meu marido com o peso da responsabilidade levá-la inteira e a salvo ao hospital.  

Chegamos ao hospital, mais 30 minutos para burocracia e realmente entenderem que ela estava pronta para o nascimento do filho. Muita angústia para mim, que na época estava com 31 semanas de gravidez. Meio que tive que ir acompanhando tudo com ela, para conseguir anotar tudo que eu precisava buscar na casa dela, porque adivinhem: a mala não estava pronta! nadinha... para resumir, tudo deu mais que certo pra ela, 26 horas de trabalho de parto e o bebe nasceu perfeitinho!

Sai do hospital nesse dia, com uma única certeza: no outro dia arrumaria toda a minha mala, do bebe, marido, enfim, e foi isso que eu fiz, a mala tá aqui, pronta, olhando pra mim há semanas, só esperando o grande dia!!! 


domingo, 12 de agosto de 2012

Vovó chegou

Calma, ainda estou de 36 semanas, mas a minha mãe já apareceu por aqui,  ela resolveu antecipar a viagem devido a um imprevisto que tivemos há umas 3 semanas atrás (assunto para um próximo post). 

Com ela, além de duas malas de 32kg repletas de coisas para o bebê, veio aquela sensação de: E agora, será que vou dar conta?

Pra quem não sabe, meus pais se separaram quando eu era pequena e fui criada basicamente pela minha mãe (claro com a ajuda dos meus avós maternos, que são 2 figuras essenciais na minha vida, e do meu padrasto, que entre outras coisas me ensinou a andar de bicicleta).
Então, sou daquelas pessoas que acredito que uma mãe, deve ser uma SUPER MÃE, afinal a minha foi e ainda é...

Enquanto me preparo para ser mãe, começo a refletir como eu deveria agir, qual a melhor forma para criar minhas crias, a hora certa de dar uma ordem, brigar, deixar passar etc.

Quando tinha 6, 7 anos, achava ruim quando a "chata" da minha mãe me mandava tomar banho e comer aquela verdura de cara e gosto esquisito.
Aos 9, 10 anos, não entendia porque a "bruxa" da minha mãe dizia que era hora de parar de brincar e voltar para casa para jantar antes de todos as minhas amigas do prédio.
Com 13, 14, me achava "adulta" para questionar a "ultrapassada" da minha mãe sobre o quanto deveria me dedicar aos estudos.

Hoje, com 30, vejo que a "chata", "bruxa" e "ultrapassada" estava correta. Aliás, creio que em alguns anos mais, eu serei vista assim pelos meus filhos. TOMARA! Se sim, é porque estarei fazendo um bom trabalho!

Na infancia, minha cumplice para as "coisas erradas" era a minha avó! Ela me deixava comer doces a tarde, ver TV na hora de estudar e outras coisas que eu achava que minha mãe nem desconfiava.

Hoje sei que ela também sabia disso. E sei também que ela está pronta e vai gostar muito mais desse papel, agora com o neto dela.

MÃE CRIA! VÓ DIVERTE!

sábado, 4 de agosto de 2012

A data prevista

A primeira coisa que uma mulher faz quando está gravida:
Fomos ao médico, aí você senta e o cara pergunta o último dia da sua menstruação. Ahhh claro (coisa fácil de se lembrar), fala sério! 
Desde a primeira vez que fui ao ginecologista na minha vida, nunca falei a data certa, porque simplesmente NÃO LEMBRO, porque eu iria lembrar bem naquele mês? 
Depois dessa confissão, meu marido e mãe devem estar desesperados! "Então ele não vai nascer nesse dia?", "Porque vc mentiu todo esse tempo?", "Que outras mentiras voce contou para a gente?" (eles também são um pouco exagerados)
Calma lá! Não é para tanto!!

Respondi ao médico: 02 de Dezembro. Gosto do número 2. Me pareceu um bom dia para a última menstruação.
O dia foi inventado mesmo! Se não foi 2, foi 3 ou 4, sei lá. Nessa semana com certeza! (eu sou louca mas nem tanto...).

Aí o médico , depois de 3 SEGUNDOS, me disse qual seria o dia do nascimento da criança!
O cara é médico ou professor de matemática???

Depois do meu marido perguntar como ele fez isso, ele explica: + 7 dias e + 9 meses. That's it! 09 de Setembro.

Depois dessa demonstração de excelência em aritimética, o cara, de forma simples e direta, manda a frase "te vejo no próximo mês" e complementa "lembre-se não é porque tá grávida que tem que comer por 2!" (e eu já achando que poderia devorar um pote de sorvete saindo da sala dele, doce ilusão)...

Ah, sabe aquela data que veio do +7 + 9? A que fizemos planos, numerologia, calculamos a posição do Buda e etc? Já mudou 4 vezes, depois de cada ultrassom que fiz.
Aprendizado: não confie cegamente em nenhuma das datas recebidas. Assunto para o próximo post...